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A Dublagem Esquecida de Batman

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Por Edson Rodrigues

A estreia da série Batman no Brasil aconteceu no segundo semestre de 1966, em São Paulo. Antão TV Paulista, canal 5,  que depois seria comprada pela Rede Globo, anunciava Batman como “o maior sucesso do momento na TV americana”. As chamadas continham cenas do episódio-piloto, com Batman (o ator Adam West) subindo pela bat-corda para salvar Molly (a atriz Jill St. John) dentro da Bat-Caverna.

Foi com grande ansiedade que muitos brasileiros aguardaram a estreia, programada para uma terça-feira, às 20h30. Antes da exibição dos episódios da 1ª Temporada, a TV Paulista exibia um “slide” do morcego, sob arranjo do tema do compositor Neal Hefti que acabou não sendo aproveitado na série.

O primeiro episódio exibido foi “Congelamento Instantâneo”, com o ator George Sanders fazendo o vilão Capitão Gelo (ou Sr. Gelo, como alguns afirmam). Antes de iniciar a segunda parte, no dia seguinte, a TV Paulista anunciou que iria reprisar a primeira parte, atendendo a milhares de pedidos. Coisas assim marcavam muito os espectadores da época.

Um fato curioso, que provavelmente poucos fãs do Homem-Morcego se recordam ou tem conhecimento, é que a dublagem da 1ª Temporada da série, que é utilizada até hoje, trata-se de uma redublagem! Ela foi gravada pelo estúdio paulistano AIC a fim de substituir a primeira versão, produzida pelo estúdio Odil Fono Brasil, também de São Paulo, uma empresa de propriedade de Ademar de Barros, ex-governador do Estado.

Embora o elenco de dubladores da Odil pertencer também a AIC, em geral os resultados não tinham o mesmo nível de qualidade. Mesmo assim, a Odil realizou bons trabalhos como na série animada Os Flintstones.

Na dublagem de estréia de Batman, o locutor tinha uma voz mais rouca, mais anasalada, mas a de Robin era a mesma que ouvimos hoje, de Rodnei Gomes (falecido em 2006). Comentávamos em casa, na ocasião, ser a mesma voz de Little Joe (Michael Landon) em Bonanza.

As Diferenças Odil x AIC

Coube à AIC dublar a 2ª temporada de Batman e redublar a 1ª. A 3ª Temporada foi dublada no final dos anos 60, início dos 70, pelo estúdio carioca TV Cine Som.

Não se sabe ao certo o que levou a distribuidora da série encomendar uma nova dublagem poucos anos após o trabalho da Odil Fono Brasil. O fato é que Batman estreou “pela primeira vez em cores” entre 1973/74 e, junto, a nova dublagem da AIC. Especula-se que a qualidade do primeiro trabalho não seria a ideal, ou que algum problema técnico tenha impossibilitado a inserção da dublagem original no novo lote colorido de episódios.

Chapeleiro Louco

Vão aqui alguns detalhes entre essa dublagem esquecida e a tradicional da AIC, que muitos consideram como original:

• Na dublagem que hoje conhecemos, o primeiro episódio, intitulado “Congelamento Instantâneo”, passou a se chamar “Descongelamento Instantâneo”;

• O vilão interpretado por David Wayne no episódio “O 13º Chapéu” chamou-se Chapeleiro Maluco na original. Na segunda versão, foi batizado de Chapeleiro Louco;

• O vilão do episódio “Falso ou Verdadeiro” na dublagem original chamava-se Mil Faces. Na versão atual, da AIC, é conhecido por Face Falsa;

• O episódio piloto, segundo a versão original, intitula-se “Charada é uma Parada”. Hoje o assistimos como “Charada é uma Charada”.

Curiosidades

Batman marcou a geração dos anos 60, mas, aos poucos, ficava cada vez mais evidente que, apesar de ser exibida em horário nobre, não era um programa feito para adultos.

Com relação aos vilões tradicionais da série, exibidos na antiga TV Paulista com a primeira dublagem, sabe-se que:

• Logo após a estréia, o episódio exibido a seguir foi com o vilão Coringa (César Romero). Curiosamente, “The Joker is Wild” não teve o título traduzido pela Odil Fono Brasil naquela oportunidade;

• O primeiro episódio exibido com o vilão Charada (Frank Gorshin) foi “Uma Charada Por Dia Afugenta um Charadista”;

• O primeiro episódio exibido com a vilã Mulher-Gato (Julie Newmar) foi “O Crime Perfeito”;

• O primeiro episódio exibido com o vilão Pinguim (Burgess Meredith) foi “O Pinguim Regenerado”;

A Era TV Cine Som

Yvonne Craig é Batgirl

A 2ª Temporada de Batman nada apresentou de novo em relação a primeira. Por isso, a audiência teria caído demais nos Estados Unidos. Era comum entre os americanos na época ouvir dizer “Batman, quem viu um, viu todos”.

Por esse motivo, houve na 3ª Temporada a introdução da personagem Batgirl. O papel – originalmente destinado à Mary Ann Mobley – acabou caindo no colo de Yvonne Craig.

Aqui no Brasil, esta temporada teve ainda mais uma diferença: a Fox decidiu trocar de estúdio de dublagem e mandou a série para o Rio de Janeiro, onde foi dublada pelo estúdio TV Cine Som, com sua ambientação sonora característica e com o locutor falando sob o efeito de eco.

O trabalho resultou aquém do desejado. Dentre as falhas dessa fase, podemos citar um episódio que é passado na fictícia Londinium e que possui três partes. Robin tem uma mesma voz na primeira e na terceira partes. Inexplicavelmente, outro dublador fez Robin na segunda parte.

Através dos Tempos

No início dos anos 70, quando chegaram ao Brasil as primeiras cópias coloridas da série Batman, muitas reprises surgiram sob o slogan “Pela primeira vez em cores”. Aliás, com o passar dos anos, inúmeras foram as reprises de Batman em outras emissoras.

Em 1994, todos os 120 episódios da série foram remasterizados, trabalho esse que permitiu recuperar a cor e o brilho das cópias originais. Há poucos anos, a Fox tentou remasterizar os episódios da 1ª Temporada, mas o resultado teria sido ruim, visto que o som resultou baixo e abafado. A se comprovar essa informação, fica evidente que nem sempre vale a pena investir em remasterização de uma dublagem se ela for muito antiga ou estiver com algum problema. Trata-se de um processo caro e nem sempre eficiente (daí ser mais barato redublar).

O autor desta matéria é Edson Rodrigues. Escreva para nós e faça seus comentários.

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DVD: Veja detalhes sobre o lançamento de Zé Colmeia

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Conforme anunciamos há poucos dias, a Warner Home Video quer pegar carona no lançamento do filme “Zé Colmeia”, que chega nos cinemas no próximo dia 21. A distribuidora, cinco anos atrasada em relação aos EUA, coloca em fevereiro nas prateleiras do Brasil a coleção “O Show do Zé Colmeia – A Série Completa”, que conta também com todos os episódios de Leão da Montanha e Patinho Duque.

A Warner antecipou a data de lançamento em 14 dias e agora a distribuição começa a partir de 10/02/11. A loja Submarino, parceira do RetrôTV, já está aceitando reservas. Clique aqui.

Já foi divulgada também a capa oficial do box (imagem ao lado).

Outra novidade é que, ao invés de quatro discos, como no lançamento americano, a versão brasileira do Zé Colmeia terá seis discos. Mas, pelo que foi apurado, não há conteúdos adicionais em relação ao original americano.

Os extras trazem diversos materiais interessantes. “Cápsula do Tempo de Zé Colmeia”, mostra uma abertura especial do desenho, comerciais e vinhetas com o personagem. Há ainda “O Episódio Piloto Original”, “Trilha Sonora de Desenhos Animados”, “A Arte do Som de Hanna Barbera”, “Passeio Pela Galeria de Fotos com o Zé Colmeia” e “Zé Colmeia Internacional”, com um trecho do desenho alternando dublagens de diversos países.

Por falar em dublagem, grande parte dos episódios de Zé Colmeia, Leão da Montanha e Patinho Duque serão apresentados com suas dublagens originais brasileiras, gravadas pelo estúdio paulistano AIC. Porém, nos anos 1990, alguns episódios tiveram que ser redublados — devido à má conservação — e serão apresentados neste box. O ponto negativo é que esta redublagem foi muito mal realizada.

Veja abaixo a lista de episódios distribuídos por disco, respeitando sua ordem cronológica. Foram disponibilizados os 33 shows completos, contendo os 35 episódios originais de Zé Colmeia, os 33 do Leão da Montanha e os 33 do Patinho Duque.

Zé Colmeia (Yogi Bear) foi criado em 1958. Sua primeira aparição foi como personagem secundário, num dos segmentos do Show do Dom Pixote, que também exibia episódios de Plic e Ploc. Mas, devido à popularidade que o personagem conseguiu alcançar, o urso comilão ganhou em 1960 seu próprio horário.

Nas histórias de Zé Colmeia, o urso vive no Parque Jellystone, que é uma imitação “caricaturizada” do famoso Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA, sempre acompanhado do seu melhor amigo Catatau. Na maioria das vezes, o famoso urso está tentando ou arquitetando uma forma de roubar as cestas de piquenique dos visitantes distraídos, violando sem pudor as severas regras do parque, algo que é repudiado pela sua noiva Cindy.

O urso Catatau é bem menor que seu amigo e possui um raciocínio mais lento. Ao contrário de Zé Colmeia, Catatau não gosta de transgredir as regras do parque, mas devido a sua ingenuidade, acaba caindo na conversa do amigo e participa das traquinagens.

As histórias também mostram o guarda florestal Smith, que conhece bem as artimanhas de Zé Colmeia e tenta impedir a todo custo as façanhas dos dois ursos.

Em 1964, o urso ladrão de cestas chegou ao cinema em seu primeiro longa-metragem denominado “Hey There. It´s Yogi Bear”, lançado em DVD no Brasil em 2009, também pela Warner Home Video, sob o título de “Oi Galera, Sou o Zé Colmeia”.

Após a sua primeira série, o famoso urso voltou em 1973 com A Turma do Zé Colmeia, ao lado de inúmeros personagens clássicos do estúdio. Em 1977, estrelou Os Ho-Ho-Límpicos e, no ano seguinte, Zé Colméia Show — ou A Corrida Espacial — e Os Trapalhões Espaciais.

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A.I.C., Uma Indústria de Arte

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Quando nosso primeiro aparelho de TV chegou em casa, em 1965, pensei logo nos desenhos que poderia assistir. O aparelho era um ABC – A Voz de Ouro, instalado dentro de um móvel de madeira muito bem acabado, com uma tela enorme de não sei quantas polegadas, cheio de válvulas e fios. Tínhamos que esperar um pouco as válvulas esquentarem para a imagem aparecer. A tecnologia avançava naquela época, mas ainda era precária, e o nosso velho ABC muitas vezes nos deixava na mão, principalmente entre 18 e 21 horas, quando havia maior consumo de energia elétrica no país. Várias listas horizontais e verticais surgiam na tela, devido a diminuição de tensão da energia elétrica.

Sede da AIC – R. Tibério – Lapa

Mesmo pequeno, com quatro anos, percebi que os filmes e desenhos tinham nomes numa língua que eu não sabia ler, mas falados numa que eu entendia. Depois, começaram a dizer “Versão Brasileira…” no início de cada filme. Pensei: “Puxa! Será que eles inventam uma história na nossa língua que dá certo com a cena?”. Só mais tarde fui entender que aquilo se chamava dublagem, um processo em que alguém falava por cima da língua original para nós compreendermos na nossa.

Fachada dos estúdios AIC, em São Paulo, durante os anos 60/70

Ainda pequeno, comecei a distinguir vozes, reconhecer a beleza delas e perceber que cada vez que diziam “Versão Brasileira: A.I.C. – São Paulo”, era sinal de que haveriam vozes bonitas. Não que os outros estúdios não tivessem boas vozes, mas A.I.C. era minha preferida. Também não sabia o que significava essa tal de “A.I.C. – São Paulo”, mas aprendi que com ela apareciam minhas vozes preferidas, como a do Pepe Legal e Babalu, Fred Flintstone, Bibo Pai e Bóbi Filho, Zé Colméia, Space Ghost, Dom Pixote, Lippy & Hardy e, mais tarde, do meu querido vilão Dr. Smith da série Perdidos no Espaço. Fiquei muito contente quando percebi que o Mendigo da “Praça da Alegria” era o mesmo do “Oh, dor!”.

Foi aí que comecei a pensar: quem seriam os outros então? Para minha felicidade, no programa “Show dos Artistas” da TV Tupi, convidaram o humorista Roberto Barreiros para cantar e contar piadas. E ele, além de tudo, fez as vozes dos “meus amigos” Babalu, Jambo, Ruivão e o narrador das estórias falarem com a sua boca. Era mais um que eu conhecia! Infelizmente, cresci e poucos dos meus heróis realmente soube quem eram.

Ocasionalmente, num programa ou outro de tevê, vi ali o Xandó Batista, o Luiz Pini, o Marcelo Gastaldi, o Carlos Campanile, o Orlando Vigiani, o Eleu Salvador, os irmãos Cazarré, o João Ângelo, o Dênis Carvalho, o Flávio Galvão, o Lima Duarte, a Laura Cardoso, mas tantos outros não sei dos seus rostos ou da vida que levaram. Sei de histórias tristes sobre anonimato, abandono, esquecimento, atropelamento e até mesmo pobreza.

Quando deixei de ouvir “Versão Brasileira A.I.C. – São Paulo” no começo dos filmes, meu encanto pela dublagem acabou. Só depois de homem já barbado, soube que a empresa havia falido.

Infelizmente, de alguns dos meus heróis, só terei mesmo a lembrança da voz. E que vozes maravilhosas!! Talvez esquecidos por aqueles que fazem dinheiro, esses heróis, como muitos outros heróis brasileiros, vão sucumbindo no esquecimento. Mas da nossa memória, jamais serão apagados. Pelo contrário, serão remasterizados, digitalizados, remixados e restaurados sempre em nossa homenagem a essa galeria de monstros da arte da dublagem.

É para mim um grande privilégio hoje poder dizer que sou amigo do Carlos Campanile, do Wilson Ribeiro, do Orlando Vigiane e do meu amigo Marco Antônio Santos, que me proporcionou esse contato com eles. Quem sabe um dia, no andar de cima, como nosso querido dublador Francisco José sempre diz, possamos voltar a assistir a filmes e ouvir a doce narração celestial repetindo: “Versão Brasileira: A.I.C. – São Paulo”.

O autor desta matéria é Rawlinson Furtado. Escreva para nós e faça seus comentários.

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Universo AIC: Os Narradores de Aberturas

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A AIC – Arte Industrial Cinematográfica foi um estúdio de dublagem que operou entre 1962/76 na R. Tibério, bairro paulistano da Lapa. Em seus quase 14 anos de existência, contou com um elenco de vozes notáveis, muitas oriundas do rádio e da televisão brasileira, que se iniciava.
A tecnologia ainda era modesta, mas a competência de seus profissionais fez a história da dublagem brasileira e criou uma verdadeira “escola”, lançando grandes nomes.
Certamente, a AIC contribuiu para o imenso sucesso que séries americanas, japonesas e inglesas fizeram no Brasil, encurtando a distância entre os grandes astros e o nosso público.
Este é o primeiro artigo do especial Universo AIC, com as mais detalhadas informações sobre os trabalhos de dublagem deste estúdio. Um verdadeiro documento da história da televisão brasileira!

Os Narradores de Aberturas

Do Blog Universo AIC
Por Marco Antônio dos Santos

Uma das grandes lembranças de todos que assistiam às dublagens do estúdio AIC era ouvir sempre o seu narrador mencionando o nome do filme ou série de tevê, seguido dos nomes dos artistas e, finalmente a assinatura “Versão brasileira: AIC – São Paulo”.

Fachada original da sede da AIC

Fachada original da AIC

O curioso é que nas primeiras dublagens, quando o estúdio ainda atendia pelo nome Gravasom, não havia a preocupação de realizar uma assinatura. Assim, algumas séries como Papai Sabe Tudo e Além da Imaginação não apresentam narrador e tampouco mencionam o nome do estúdio. Já como AIC (Arte Industrial Cinematográfica), no início, os desenhos e séries também não possuíam um narrador na abertura e o nome da AIC não era mencionado. Basta assistir as aberturas de Os Jetsons e Manda-Chuva, por exemplo.

Já pelo final do ano de 1963, com o surgimento de outros estúdios de dublagem como Herbert Richers, TV CineSom, principalmente no Rio de Janeiro, a AIC resolveu inserir essa “marca registrada”, a qual persiste até hoje para todos os estúdios.

A primeira série a ganhar um narrador na abertura foi Os Três Patetas, em 1964, onde Ibrahim Barchini dizia: “Versão Brasileira da Arte Industrial Cinematográfica – São Paulo”. E assim foi, até ser reduzido para apenas “AIC – São Paulo”, em 1966.

Ibrahim Barchini foi oficialmente o primeiro narrador da AIC, tendo marcado muitos filmes, séries e desenhos com sua imponente voz, como Os Defensores, Big Valley, A Feiticeira, Viagem ao Fundo do Mar, Perdidos no Espaço e O Túnel do Tempo.

Algumas vezes, Barchini foi substituído por Oswaldo Calfat nas aberturas, o qual tinha uma voz bem adequada para narrar documentários.

narradores-aic

Carlos Vaccari, Francisco Borges, Antônio Celso, Flávio Galvão e Emerson Camargo

Para a série clássica Jornada nas Estrelas, seu diretor de dublagem Emerson Camargo preferiu convidar o locutor da Rádio Excelsior de São Paulo, Antônio Celso, que fez a abertura da série. Aliás, já substituindo Barchini, Celso também acabou narrando alguns episódios de outras séries e desenhos dublados pela AIC,  como Missão: ImpossívelO Túnel do TempoCoelho Ricochete e Maguila, o Gorila, além dos episódios finais de O Túnel do Tempo e da 2ª temporada de Perdidos no Espaço.

No final de 1967, Carlos Alberto Vaccari assume oficialmente a narração da AIC, tornando-se, talvez, o mais marcante para todos que se lembram das aberturas, visto que sua entonação sempre carregou bastante na emoção.

Paralelamente, o dublador Francisco Borges também participou de algumas aberturas. Fez a narração de Batman e substituiu Vaccari muitas vezes em Daniel Boone e na 2ª Temporada de Terra de Gigantes, A Feiticeira, Lancer, Jeannie é um Gênio,em virtude de um pequeno afastamento do titular.

Além dos quatro citados, eventualmente surgia o dublador Flávio Galvão, Hélio Porto em Os Três Patetas, e até Emerson Camargo em Perdidos no Espaço (no episódio “Os Homens Mecânicos”) e O Túnel do Tempo. Já a série Chaparral teve Carlos Campanile como narrador de abertura.

Com a crise econômica na AIC evoluindo no início da década de 1970, praticamente Francisco Borges se tornou o narrador oficial de desenhos e séries de tevê, tais como: Goober e os Caçadores de Fantasmas, João Grandão, O Homem Invisível, A Família Robinson, e muitas outras produções.

Seja como for, foi a necessidade de registrar o nome do estúdio de dublagem que fez com que tivéssemos esses inesquecíveis narradores de aberturas oficiais, que colocaram uma marca registrada com “sabor” brasileiro neste vasto catálogo de enlatados.

Vejamos algumas aberturas da AIC:

Ibrahin Barchini narrando a abertura da 1ª Temporada de Perdidos no Espaço.

Antônio Celso narrando a abertura da série Jornada nas Estrelas.

Francisco Borges narrando a abertura de Batman.

Carlos Alberto Vaccari narrando a abertura da 2ª Temporada de Daniel Boone.

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Marco Antônio dos Santos é autor deste artigo e editor do Blog Universo AIC.

 

Viagem ao Fundo do Mar

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Ficha-Técnica

viagem-ao-fundo-do-mar-logo-s2-peqTítulo: Viagem ao Fundo do Mar (Voyage to the Bottom of the Sea/1964-68/EUA/P&B-Cor)
Criação: Irwin Allen
Elenco: Richard Basehart (Almirante Harriman Nelson), David Hedison (Capitão Lee Crane), Robert Dowdell (Oficial Chip Morton), Henry Kulky (Chefe Curley Jones), Terry Becker (Chefe Francis Ethelbert Sharkey), Del Monroe (Kowalski), Paul Trinka (Patterson),  Allen Hunt (Marujo Stuart Riley), Richard Bull (O Doutor), Arch Whiting (Sparks), Paul Carr (Casey Clark)
Estúdio: 20th Century Fox
Formato: 110 episódios de 60 minutos (incluindo intervalos) em 4 temporadas + longa-metragem que deu origem
Dublagem: AIC/SP, com: Ronaldo Baptista (Almirante Nelson), Hélio Porto (Capitão Lee Crane – 1ª voz), Osmiro Campos (Capitão Lee Crane – 2ª voz), Wilson Ribeiro (Chip Morton), Emerson Camargo (Paterson – 1ª voz), Silvio Navas (Paterson – 2ª voz), João Paulo Ramalho (Chefe Sharkey - 1ª voz), Gervásio Marques (Chefe Sharkey - em 1 episódio), Ary de Toledo (Chefe Sharkey - 2ª voz), Newton Sá (Chefe Sharkey - 3ª voz), Francisco José (Chefe Sharkey - 4ª voz), Batista Linardi (Kolwaski), Olney Cazarré (Sparks – 1ª voz), José Miziara (Sparks – 2ª voz), Lourival Pacheco (Chefe Curly Jones), Osmar Prado (Marujo Rilley), Older Cazarré (Médico do Seaview - 1ª voz), Newton Sá (Médico do Seaview - 3ª voz), Wilson Kiss (Médico do Seaview - 4ª voz), Ibrahin Barchini (narrador – 1ª e 2ª temporadas), Oswaldo Calfat (narrador em alguns episódios da 2ª Temporada) e Carlos Alberto Vaccari (narrador – 3ª e 4ª temporadas)
Exibição no Brasil: TV Record, TV Tupi, TV Bandeirantes, TV Globo, Fox, FX, Rede Brasil (atualmente)

O Início – Cinema

A franquia Viagem ao Fundo do Mar começou com um filme americano da 20th Century Fox, produzido e dirigido em 1961 por Irwin Allen. Ele seria conhecido na década de 1970 como o “Mestre do Cinema Catástrofe”, graças a filmes como “O Destino do Poseidon” (e sua sequência), “Inferno na Torre” e “O Dia em que o Mundo Acabou”.

viagem-ao-fundo-do-mar-longa2Influenciado pela obra de Julio Verne, Irwin Allen introduziu ao público as aventuras de um submarino nuclear com a função de pesquisar a vida marinha e seus benefícios para a humanidade. A história do filme foi escrita por Allen e Charles Bennett e contou no elenco com Walter Pidgeon como o veterano Almirante Harriman Nelson e Robert Sterling como Capitão Lee Crane nos papeis principais.

O filme ainda teve a participação de outros artistas famosos, como Robert Sterling (Capitão Lee Crane), Peter Lorre (Comandante Lucius Emery), Frankie Avalon (Tenente Chip Romano), Barbara Eden [de Jeannie é um Gênio] (Tenente Cathy Connors), Joan Fontaine (a psicóloga Dra. Susan Hiller) e Michael Ansara (o cientista civil Miguel Alvarez) [marido de Eden na vida real].

A canção-tema do filme foi cantada por Frankie Avalon, que também atuou no filme.

viagem-ao-fundo-do-mar-longaNo longa-metragem, uma expedição científica de rotina ao Pólo Norte transformou-se em uma corrida para salvar a vida sobre a Terra, já que um cinturão de radiação no espaço incendiou-se e começou a aquecer o planeta de maneira incontrolável. O Almirante Nelson e a tripulação do fantástico submarino nuclear Seaview (idealizado por Nelson) enfrentam sabotadores, criaturas marinhas gigantescas e ataques de outros submarinos durante a jornada para evitar a catástrofe global.

O filme impressionou pela fotografia e efeitos visuais, tornando-a uma das obras mais respeitadas da ficção científica de todos os tempos. Estreou nos cinemas norte-americanos em julho de 1961 e em pouco tempo se tornou um grande sucesso mundial. Para a produção, foram gastos cerca de 2 milhões de dólares, uma quantia fabulosa para a época, mas que trouxe um retorno de quase 7 milhões.

Episódio-Piloto

A carreira de sucessos de Allen na tevê deu início com a versão de seu filme lucrativo “Viagem ao Fundo do Mar”. O diretor ofereceu à 20th Century Fox o projeto de adaptação televisiva, apontando para a vantagem de que nenhum custo extra seria necessário, aproveitando do longa-metragem. Seriam utilizados todos os elementos do filme, como cenários, maquetes, fantasias, suportes, modelos de efeitos especiais, e às vezes até partes do filme. A autorização foi dada para produção da série e a 1ª Temporada começou a ser filmada em novembro de 1963.

Cena do episódio-piloto "Eleven Days to Zero"

Cena do episódio-piloto “Eleven Days to Zero”

A primeira temporada foi filmada em preto e branco. Mas, o episódio-piloto foi feito a cores, para poder haver encaixes de cenas do longa-metragem, que eram coloridas, em especial as que mostram o submarino e o fundo do mar.

O episódio-piloto chamou-se “Eleven Days to Zero”, foi filmado em cores, mas exibido em preto e branco. Fez uma apresentação do submarino nuclear futurístico Seaview e os membros de sua tripulação. A maior celebridade é o projetista e construtor do submarino, o Almirante Harriman Nelson, pertencente ao Instituto de Pesquisa Marinha.

Na história, o Seaview foi construído como um navio de investigação marinha. Mas, dada a sua complexidade e por poder transportar armas nucleares, acaba sendo requisitado em muitas ocasiões pelo governo em missões secretas militares. O submarino foi construído na Filadélfia, numa base secreta conhecida como N.I.M.R (Nelson´s Institute for Marine Research).

Neste episódio-piloto é contada a história de Lee Crane e como ele chegou ao posto de Capitão do Seaview. Mostrou-se, também, as tarefas básicas do submarino e de sua tripulação, que era de sondar os mistérios da natureza e forças que ameacem a paz mundial.

A Série

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Elenco principal da série

Viagem ao Fundo do Mar se tornou a primeira das quatro séries de ficção científica para a televisão que o produtor Irwin Allen viria realizar: Perdidos no Espaço, Terra de Gigantes e O Túnel do Tempo. Protagonizada por Richard Basehard (como Almirante Nelson) e David Hedison (Capitão Crane), a série foi apresentada originalmente nos EUA, pela rede ABC, entre 14 de setembro de 1964 e 31 de março de 1968, num total de 110 episódios, divididos em quatro temporadas.

As duas primeiras temporadas de Viagem ao Fundo do Mar acontecem no imaginário de um futuro da década de 1970 e, nas outras duas, os acontecimentos giram em torno do futuro dos anos 1980. Com o desenrolar dos episódios, viu-se histórias fantásticas que exploravam tramas de espionagens e complôs, ambientadas em um cenário futurístico de ficção científica, em função da presença do submarino nuclear e seu arsenal. A tripulação do Seawiew enfrentou terríveis monstros de todo tipo e tamanho, sereias (!), terroristas, espiões, cientistas loucos e até alienígenas. Há histórias com visível influência da série Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959-64).

A série também mostra a participação dos diversos membros da tripulação, que têm uma presença fixa nos episódios, cada um desempenhando uma função e que de alguma forma acabam também envolvidos pela trama do episódio.

Os atores Del Monroe e Mark Slade participaram do longa-metragem e da série de tevê, como membros da tripulação. Del Monroe, que era o marujo Kwoski no filme, passou a ser chamado de Kowalski na série, teve grande destaque em quase todos os episódios. Mark Slade permaneceu somente na 1ª Temporada da série, interpretando o Marujo Malone.

Na época, os roteiristas não estavam acostumados a escrever para esse tipo de programa de ficção. Assim, produziam textos que giravam em torno daquilo que conheciam, com a diferença que as histórias eram situadas dentro de um submarino nuclear.

Personagens

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Temporadas 

A 1ª Temporada da série Viagem ao Fundo do Mar mostra várias histórias de perigo nos oceanos. Em relação ao filme, a série introduziu novos equipamentos, como o sino de mergulho e um mini-submarino, assim como a primeira história envolvendo monstros marinhos e seres espaciais, que destoavam na narrativa dos demais.

A atmosfera nesta fase era mais séria e intensa, caracterizando-se por enredos ligados a Guerra Fria e seus conflitos, assim como em especulações sobre o futuro da humanidade. Muitos episódios envolvem espionagem e elementos de ficção científica. Nesta fase, as tramas focam em governos estrangeiros hostis e monstros do mar. Para muitos fãs, essa foi a melhor temporada da série, em função do tom mais verossímil e sintonizado com os problemas mundiais.

A 2ª Temporada de Viagem ao Fundo do Mar trouxe algumas histórias dentro do mesmo tom da 1ª Temporada, mas recebeu um aumento substancioso de enredos, envolvendo diversos monstros semanais. Os roteiros passaram a ser popularmente conhecidos como “o monstro da semana”. É que buscando elevar a audiência, o produtor Irwin Allen optou por roteiros mais voltados à ficção científica e à aventura, tendo em vista que produções de séries como O Agente da UNCLE, que se apoiava na paródia, explorando elementos de fantasia, ganhava cada vez mais popularidade. Assim, Allen alterou radicalmente o rumo de Viagem ao Fundo do Mar.

Além disso, o segundo ano também promoveu a mudança do preto e branco para o colorido, assim como a substituição permanente do Chefe Jones, devido a morte do ator Henry Kulky. Ele foi substituído por Terry Becker, que interpretou o Chefe Sharkey.

Outra mudança significativa na 2ª Temporada aconteceu com o Seaview, que foi ligeiramente redesenhado e introduzido junto ao Sub-Voador, um mini-submarino com capacidade para dois homens, todo amarelo e que pode se transformar em um avião. Ele permitiu aos membros da tripulação saírem do submarino para chegar mais rápido em Terra, ampliando as possibilidades de novas aventuras. Para acomodar o veículo à bordo, os cenários da sala de observações foram alterados, permitindo a inclusão de uma escotilha, que levava ao subvoador. As janelas de observação do Seaview também se tornaram mais amplas e foram divididas em quatro. A tripulação recebeu uniformes mais coloridos, mas os oficiais ainda continuaram em seus uniformes caqui, como na 1ª Temporada.

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Cena do episódio “Jonas e a Baleia”, onde há um resgate dentro de uma baleia

O primeiro episódio da 2ª Temporada é memorável. Chamado “Jonas e a Baleia”, mostra Nelson e uma cientista russa presos no interior de uma rara e enorme baleia, após o animal engolir o sino de mergulho em que os dois estavam. O ponto alto é que, enquanto esperam ser resgatados, Nelson e a espiã passaram a falar sobre fé. Nelson é ateu, e tenta convencer sua companheira que o mito bíblico de Jonas era um exemplo de estoicismo e esperança. 

A 3ª Temporada de Viagem ao Fundo do Mar começou mostrando uma história com um lobisomem. Mas, logo os episódios passaram a mostrar os oficiais do Seaview envolvidos com uma tripulação nazista, dando a ideia de que a Segunda Guerra Mundial ainda continuava.

Nesta temporada, foram contadas duas histórias de espionagem e uma de perigo nos oceanos, rememorando a 1ª Temporada. Uma dessas três histórias falou sobre um governo estrangeiro hostil, que tentava roubar um novo mineral, fazendo uma lavagem cerebral no Almirante Nelson. A 3ª Temporada também ocorreu simultaneamente com a produção de outras séries de Irwin Allen — a 2ª Temporada de Perdidos no Espaço e a estreia de O Túnel do Tempo.

E, finalmente, a 4ª Temporada, que iniciou com uma história de alquimista de cinco séculos adiante. Alguns episódios também tiveram seus créditos de abertura modificados e a temporada contou com três histórias sem conexões, sobre invasores extraterrestres e também dois episódios em que o Seaview retorna no tempo.

O Fim da Série

A série manteve sua popularidade, entrando nou terceiro ano de produção. No entanto, nessa época, a rede ABC anunciou cortes no orçamento, que afetou os efeitos especiais, cenários, figurinos e equipe de roteiristas. Profissionais que já trabalhavam no estúdio substituíram aqueles que formavam a equipe fixa da série, que foi dispensada (alguns foram para a série Missão: Impossível, da Paramount). Os roteiros passaram a ser feitos por free-lancers de baixo custo e com ideias não muito empolgantes. Como resultado, aumentou o número de episódios de produção mais simples, com monstros, além do aumento da reutilização de cenas já filmadas para a série ou para outras produções da Fox. A falta de continuidade no perfil dos personagens também se tornou um problema.

Na 4ª Temporada, Viagem ao Fundo do Mar ainda tinha boa audiência, mas já havia um clima de fim de festa nos bastidores. Richard Basehart e David Hedison manifestavam estar cansados com a baixa qualidade dos roteiros. Mas, o golpe final pode ter ocorrido em função das negociações para produção de Terra de Gigantes, que obteve um orçamento elevado. Nessa época, a Fox produzia as séries Viagem ao Fundo do Mar (ABC), Perdidos no Espaço (CBS) e O Túnel do Tempo (ABC), todas de Irwin Allen.

O Túnel do Tempo exibiu seu último episódio em abril de 1967, enquanto que Viagem ao Fundo do Mar e Perdidos no Espaço saíram do ar em março de 1968. Terra de Gigantes estreou em setembro de 1968, mas seu alto custo determinou o fim da série em 1970.

Ao todo, foram 110 episódios de Viagem ao Fundo do Mar, onde viu-seepisódios com thriller psicológico e outros com aventura e fantasia. A série tornou-se uma das mais populares e cultuadas pelos fãs do gênero, com episódios memoráveis, como “Dia de Crueldade”, “O Canhoto”, “Jonas e a Baleia”, “Os Inimigos”, “A Bomba Humana”, “O Jogo Perigoso”, “O Gigante Submarino”, “O Cyborg” e “Bonecos Mortais”.

Atores

Richard Basehart

richard-basehartNasceu como John Richard Basehart no dia 31 de agosto de 1914, em Zanesville, Ohio, EUA e iniciou sua carreira no rádio e teatro na década de 1940. Pouco tempo depois, em 1947, estreou no cinema com grande destaque no filme “Mansão da Loucura” (Cry Wolf).

Logo em seguida, em 1948, interpretou magistralmente um assassino num filme noir clássico “O Demônio da Noite” (He Walked by Night) e não parou mais de atuar. Trabalhou em filmes clássicos, como “A Estrada da Vida” (La Strada, 1954, de Federico Fellini), “Os Irmãos Karamazov” (The Brothers Karamazov, 1958) e “Moby Dick” (1956).

Basehart também ficou bastante conhecido pela sua voz profunda e distinta e narrou diversos filmes e documentários para a televisão e cinema.

Foi casado três vezes: a primeira com Stephanie Klein em 1940, que morreu 10 anos depois, e em 1951, com a atriz italiana Valentina Cortese, com quem teve um filho e se divorciou em 1960. Dois anos mais tarde, casou-se novamente com Diane Lotery, com quem viveu até a sua morte.

Depois de algumas participações especiais em várias séries de sucesso da época, Basehart aceitou estrelar Viagem ao Fundo do Mar em 1964, com o objetivo de arrecadar dinheiro para produzir suas peças no teatro. Interpretando o Almirante Nelson, entre 1964-68, Basehart passou a ser conhecido internacionalmente.

Trabalhou no cinema e televisão até os 70 anos de idade. Após sucessivos derrames, morreu no dia 17 de setembro de 1984, em Los Angeles, Califórnia, EUA. Um mês antes de seu falecimento, Basehart atuou como locutor para a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Verão de 1984, em Los Angeles.

David Hedison

david-hedisonNasceu como David Albert Hedison Jr. no dia 20 de maio de 1927, em Providence, Rhode Island, EUA. Segundo alguns autores, decidiu seguir a carreira de ator ao assistir o filme “Sangue e Areia” (1941), estrelado por Tyrone Power, que o deixou impressionado e empolgado.

Para concretizar seu sonho, estudou em Nova Iorque. Iniciou sua carreira artística trabalhando em produções Off-Broadway com a peça “A Month in the Country”, com a qual ganhou o prêmio Theater World Award. Na época, usava o nome artístico de Al Hedison.

Conseguiu um contrato com a 20th Century Fox e participou do filme “A Raposa do Mar” (The Enemy Below, 1957), juntamente com Robert Mitchum. Continuou participando de outros importantes filmes para o cinema e, nos anos 1960, migrou para a televisão, onde começou a participar de algumas séries. Logo depois, em 1959, foi escalado para protagonizar o seriado Contra-Espionagem (Five Fingers). Foi durante essa época que passou a adotar o nome de David Hedison.

Foto recente de David Hedison

Foto recente de David Hedison

Pouco tempo depois, ficou muito famoso ao interpretar o personagem Capitão Lee Crane, entre 1964-68, na série Viagem ao Fundo do Mar. Depois, continuou a participar de outros seriados, como A Mulher Maravilha, As Panteras, Casal 20, A Ilha da Fantasia, O Barco do Amor, A Super Máquina, Esquadrão Classe A, entre outras participações em filmes.

Em 1968, casou com Bridget e tiveram duas filhas, Serena e Alexandra. Esta última é também atriz e diretora e tem participado de importantes séries de televisão. Hedison está com 87 anos, goza de boa saúde e continua a participar de alguns projetos artísticos.

Curiosidades

  • No Brasil, muita gente imaginava que o nome do submarino Seaview era “Civil”, devido à pronúncia similar com a palavra inglesa. A tradução livre de “Seaview” é “vista para o mar”.
  • A construção cenográfica do Seaview para o longa-metragem foi muito difícil. Os técnicos em efeitos especiais recorreram à Marinha americana para saber detalhes de como funciona um submarino. Mas a ajuda foi negada. Os EUA estavam em plena Guerra Fria e temeu-se que seriam revelados segredos das plantas dos submarinos americanos. Com isso, a equipe recorreu a antigos filmes bélicos para pesquisar os submarinos usados durante a Segunda Guerra Mundial. A equipe, que nunca tinha visto um submarino por dentro, também usou dos recursos do Museu de Ciências de Chicago onde, através de visitas em meio a grupos turísticos, secretamente fez rápidas anotações e desenhos do interior de submarinos alemães, capturados no final da Segunda Guerra. Por sorte, foram encontradas, também, anotações sobre a parte interna de um submarino alemão, capturado durante a guerra. Mais tarde, a produção até conseguiu o apoio da Marinha, mas só depois de tudo pronto é que foram enviados representantes para visitar os cenários e opinar.
  • Na vida real, o submarino Seaview foi criado por Jack Martin Smith, Herman Bluementhal, Lyle Abbott e Herbert Cheek.
  • Quando a série Viagem ao Fundo do Mar foi produzida, a equipe responsável pela criação do Seaview para o filme de longa-metragem não estava mais disponível. Com os mesmos cenários do filme, a série continuou atraindo o interesse de militares, entre eles, o então Presidente do Brasil Marechal Costa e Silva. Ele, inclusive, chegou a visitar os bastidores de produção da série, em 1967.
  • Nas cenas em que o Seaview é atacado, alguém da equipe técnica precisou segurar um balde e um martelo. Toda vez que se batia um no outro, todos os atores inclinavam-se para a esquerda enquanto a câmera se inclinava para a direita.
  • Em uma cena, enquanto o submarino sacudia e os atores eram lançados de um lado para outro, os lápis sobre a mesa permaneceram imóveis.
  • O personagem Chefe Sharkey foi originalmente oferecido a James Doohan, que preferiu trabalhar em Jornada nas Estrelas, onde deu vida ao personagem Scotty.
  • David Hedison havia negado o papel do Capitão Lee Crane no longa-metragem “Viagem ao Fundo do Mar”. Porém, o ator foi convidado novamente por Irwin Allen, para viver o personagem na série de tevê. Desta vez, a presença de Richard Basehart no elenco convenceu Hedison a aceitar o convite.
  • Diferente do filme em longa-metragem, na versão para tevê, o Capitão Crane não tem noiva, ficando livre para se envolver com as mulheres.
  • O episódio “Céu em Chamas” ( The Sky’s On Fire), da 2ª Temporada, é uma adaptação do longa-metragem que deu origem à série. Por sinal, muitos fãs acham que o resultado ficou muito superior ao do filme.

No Brasil

A série estreou no Brasil em 16/05/1965, pela TV Record, em preto e branco. Por um ano e meio, as exibições aconteceram às 20h dos domingos. Em 1968, VFM ocupou dois horários nos domingos da TV Tupi (16h30 e 18h). Em janeiro de 1969, retornou às tardes da TV Record, às quartas-feiras.

Viagem ao Fundo do Mar foi licenciada para ser transmitida pela TV Bandeirantes em maio de 1971, que exibiu o programa em seu horário nobre, depois transferindo-o para a madrugada, onde permaneceu até o ano seguinte.

Entre 1973-75, foi novamente exibida pela TV Tupi, às quintas-feiras, 16h30. Após dois anos fora do ar, reestreou em outubro de 1978 pela TV Globo, com exibição pelas manhãs, pela primeira vez em cores. Permaneceu por lá durante um ano e só voltou ao ar em 1981, pela TV Bandeirantes novamente, que a exibiu pelas manhãs até 1984. Entre 1986-88 e em 1990, a TV Record reexibiu a série.

Entre os anos de 1995 e 1996, Viagem ao Fundo do Mar foi apresentada pelo canal por assinatura Fox. Ainda na TV paga, foi exibida em 2006-07 pelo canal FX (do grupo Fox) e, atualmente, pode ser vista nas madrugadas do canal aberto Rede Brasil de Televisão, às terças e quintas-feiras, 4h.

Todas as exibições utilizaram-se da dublagem original do estúdio AIC.

50 Anos de VFM

Em 2014, mais precisamente no dia 14 de setembro, a série Viagem ao Fundo do Mar completou 50 anos da estreia na televisão americana. Para comemorar, a produtora de eventos Hollywood Show, especializada em séries e filmes antigos,  organizou uma convenção entre os dias 17 e 19 de outubro, que contou com a participação de três atores da série: David Hedison (Capitão Lee Crane), Terry Becker (Chefe Sharkey) e Allen Hunt (Marujo Riley). Além de assistir a debates sobre a série, os fãs puderam comprar produtos, ganhar autógrafos e tirar fotos com os atores.

Na imagem abaixo, o registro dos três atores de Viagem ao Fundo do Mar.

Os atores Terry Becker, David Hedison e Allen Hunt

Terry Becker, David Hedison e Allen Hunt

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Divulgação do evento

Do elenco principal, além dos três atores vistos acima, também está vivo Robert Dowdell (Oficial Chip Morton), hoje com 82 anos. Mas, devido a problemas com um fã em um evento, Dowdell deixou de aparecer publicamente.

Em ordem cronológica, faleceram Henry Kulky [Chefe Curley Jones] (1965), Paul Trinka [Patterson] (1973), Richard Basehart [Almirante Nelson] (1984), Paul Carr [Casey Clark] (2006), Arch Whiting [Sparks] (2007), Del Monroe [Kowalski] (2009) e Richard Bull [O Doutor] (2014).

Os 50 anos da estreia de Viagem ao Fundo do Mar no Brasil serão completados em 16 de maio de 2015.

DVD

Caixa com a série completa, lançada nos EUA/Canadá

Caixa com a série completa, lançada nos EUA/Canadá

A série teve todos os seus episódios lançados em DVD pela 20th Century Fox no mercado americano e canadense, entre 2010-11. Na Região 2 (Reino Unido), a Apocalipse Films lançou toda a série em DVD, sendo em versões separadas por temporada e, em 26 de março de 2012, a coleção completa em um único box, em 31 discos com todos os 110 episódios da série, bem como os devidos bônus. Na Região 4, a Madman Entertainment lançou as duas primeiras temporadas em DVD na Austrália em 20 de agosto de 2014. E, no Brasil, oficialmente, nada foi lançado, mas distribuidoras alternativas como a Visual Filmes, acabaram colocando no mercado de DVDs, à sua maneira, parte da série Viagem ao Fundo do Mar. Clique aqui para pesquisar as lojas que ainda possuem estoques. Há também clubes de colecionadores como o www.videoseries.com.br, que lançou toda a série e

Já o longa-metragem “Viagem ao Fundo do Mar” (1961) foi lançado oficialmente em DVD no Brasil em 2003, pela Fox Home Entertainment. Encontra-se esgotado e não houve relançamentos.

// Clique aqui para ver o Guia de Episódios de Viagem ao Fundo do Mar

O autor desta matéria é Maurício Viel. Escreva para nós ou faça seus comentários abaixo. Agradecimentos a Marco Antônio dos Santos e Elias de Lucena.

Multimídia

Clique e assista ao episódio “O Monstro do Espaço”, da série Viagem ao Fundo do Mar.

Clique e assista a abertura do episódio-piloto da série Viagem ao Fundo do Mar, “Onze Dias a Zero”.

Clique e assista a um vídeo com erros de gravação da 1ª Temporada:

Galeria

Universo AIC: As Fases da Dublagem no Brasil

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Do Blog Universo AIC
Por Marco Antônio dos Santos

Introdução

A história da dublagem no Brasil é muito complexa, devido a enormes lacunas que se apresentam por falta de material fotográfico e, sobretudo, de depoimentos de seus pioneiros e dos inúmeros registros sonoros que foram se deteriorando com o decorrer do tempo. Além disso, tem a questão das redublagens. Aqui, baseado em tudo aquilo que já pesquisei nesses 27 anos de resgate da dublagem do estúdio AIC, fui remontando um pouco das fases que a dublagem brasileira já atravessou. Sendo assim, traço aqui um painel,  ainda que seja puramente a minha observação, através de tudo que já li, pesquisei e conversei com diversos profissionais da área.

1ª Fase (1938-58): Artesanal

O americano Wallace Downey, da gravadora Columbia, veio ao Brasil dirigir a filial da empresa e se uniu ao jornalista Adhemar Gonzaga, proprietário dos

Alberto Ribeiro e Braguinha

Alberto Ribeiro e Braguinha

estúdios Cinédia, que estavam começando a produzir filmes no Rio de Janeiro. Os dois fundaram a empresa Waldow-Cinédia. Em 1934, Downey não conhecia ninguém no Rio de Janeiro, pois ficava em São Paulo. Com isso, Wallace convidou, no Rio de Janeiro, os compositores e parceiros Braguinha e Alberto Ribeiro para ajudarem na escolha de elenco.

Em 1938, Downey se separou de Adhemar Gonzaga e fundou a Sonofilmes, ao lado do produtor cinematográfico Alberto Byington Jr. E Braguinha continuou a parceria com Wallace Downey.

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Adhemar Gonzaga

Foi justamente nesta época que Walt Disney estreou o primeiro desenho animado de longa-metragem sonoro, “Branca de Neve e os Sete Anões”, uma adaptação da história dos Irmãos Grimm. Assim, Braguinha e sua experiência com cinema (algo raro para a época), compôs as letras das músicas, escolheu todo o elenco e dirigiu a dublagem. Alguns técnicos americanos ficaram impressionados com o fato de terem conseguido fazer isso no Brasil. O equipamento sonoro de que dispúnhamos era muito empírico ainda, até mesmo na gravação de discos. Consta que para fazer eco, tinham que cantar no banheiro. E “Branca de Neve” foi um sucesso.

Assim nasceu a dublagem brasileira, com artistas que trabalhavam no rádio e cantores de grande sucesso da época, como Carlos Galhardo, Dalva de Oliveira e tantos outros.

Com o desenvolvimento do estúdio de Walt Disney, outros longas-metragens foram chegando ao Brasil, como “Cinderela” e “A Bela Adormecida”. Já na década de 1950, o estúdio era denominado Cinelab, mas trabalhava basicamente na dublagem de desenhos para o cinema, com arranjos musicais apropriados à língua portuguesa. Muitos dubladores ainda não tinham a noção de que estavam fazendo um grande trabalho artístico: a dublagem!!

Dessa fase, já surgiram nomes como Magalhães Graça e Joaquim Luiz Motta que, futuramente, se destacariam na dublagem de produções para a televisão.

2ª Fase (1958-67): Radiofônica

A televisão no Brasil iniciou suas atividades em 18 de setembro de 1950. No início, sua programação era restrita a programas ao vivo e suas transmissões começavam por volta das 17h. Muitos brasileiros desconheciam totalmente esse novo veículo e o rádio reinava plenamente nos lares brasileiros, com muitos programas humorísticos, radionovelas, programas de auditório etc.

Durante a década de 1960, a televisão começou a ocupar cada vez mais espaço e as emissoras necessitavam ampliar a grade de programação. Assim, mais filmes americanos e desenhos animados passaram a ser exibidos, porém, legendados e com áudio original.

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O empresário Herbert Richers

A companhia cinematográfica Maristela Filmes, sediada em São Paulo e que não conseguira trilhar o caminho da grande Vera Cruz, abriu suas portas para esse novo horizonte que surgia, fundando em 1958 o estúdio Gravasom na cidade de São Paulo. Inicialmente, dublou somente alguns desenhos e séries juvenis. Em 1960, o estúdio Herbert Richers, que se dedicava à produção de filmes, também iniciou as suas atividades na dublagem.

O ano de 1961 talvez seja considerado como o nascimento oficial da dublagem no Brasil, vindo de uma lei, assinada pelo Presidente Jânio Quadros, onde desapareceriam de vez as legendas brancas nos televisores ainda em preto e branco, dando espaço para a dublagem definitivamente.

Nesse período, já havia também a Ibrasom em São Paulo e a Riosom. Mas, quem seriam os dubladores? Tanto os estúdios de São Paulo como os do Rio de Janeiro foram buscar os humoristas e radioatores pela experiência na interpretação com a voz.

Duas fontes de onde viriam diversos dubladores: a Rádio São Paulo e a Rádio Nacional no Rio de Janeiro. Entretanto, devido ao fato de que São Paulo tinha mais emissoras de tevê que no Rio, os estúdios Gravasom e a Ibrasom possuíam um volume muito maior de filmes e séries para dublar.

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Mário Audrá

Assim, Mário Audrá, proprietário da Vera Cruz, vê a necessidade da criação de um estúdio que operasse em grande produção, com equipamentos e elenco de vozes mais elaborados. Wolner Camargo, que possuía uma longa carreira também no rádio como locutor esportivo e radioator, foi convidado a ser o diretor artístico da nova empresa. Nasce, assim, a Arte Industrial Cinematográfica São Paulo, em meados de 1962, com quatro estúdios em pleno funcionamento. A ideia de Wolner Camargo era fazer uma dublagem mais artística, porém, com o ritmo de uma indústria, pois o volume de produções aumentava dia a dia. Foram convidados diversos radioatores e artistas de rádio, sobretudo, da Rádio São Paulo.

A dublagem dos primeiros anos, não só da AIC, mas também a de outros estúdios , foi fortemente influenciada pela radionovela, algo natural, pois ninguém sabia exatamente o que era essa nova carreira chamada dublador, assim a interpretação dos primeiros anos nos dão uma qualidade impressionante, porém ainda com muita influência da radionovela.

Por volta de 1967, a televisão brasileira já produzia muitas novelas e foram surgindo outros artistas oriundos dela. A dublagem , nessa época, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro vai ganhando novos talentos e a dublagem segue um novo rumo, deixando a influência radiofônica e produzindo uma dublagem de alta qualidade, na qual o dublador se aproxima muito mais do som original e, muitas vezes, até valorizando mais a interpretação do ator americano. Cito o ano de 1967, pois é aquele que percebi maiores alterações de elenco dos estúdios e os registros sonoros começam a ser diferentes.

Já nessa data tínhamos em São Paulo a AIC, que já havia adquirido a Ibrasom, e a Odil Fono Brasil. No Rio de Janeiro, além da Herbert Richers, havia a Dublasom Guanabara, Riosom, Cine Castro, e a TV Cinesom, porém ainda a AIC predominava sobre todas as demais.

3ª Fase (1967-77): O Primeiro Apogeu da Dublagem

Nesses dez anos, houveram grandes modificações. O predomínio da AIC começou a ser abalado por volta de 1971, devido a sua situação financeira. A empresa perdeu espaço e os dubladores se transferiram para o Rio de Janeiro, cidade para onde o núcleo da televisão brasileira se transferiu com o crescimento da Rede Globo. Outros dubladores procuraram a tevê. Além do mais, a concorrência ficou maior com o surgimento do estúdio Álamo em São Paulo, além da Herbert Richers.

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Alguns pequenos estúdios já haviam desaparecido (Riosom, Dublasom Guanabara, TV Cinesom) e a Herbert Richers possuía o privilégio de estar localizada no Rio de Janeiro.

Assim, na década de 1970, a dublagem em São Paulo ficou cada vez mais restrita, mesmo com o encerramento da AIC, o estúdio BKS e a Álamo não conseguiram concorrer com a Herbert Richers e até outros estúdios menores do Rio de Janeiro. Mas, a dublagem realizada por quaisquer desses estúdios é considerada de uma qualidade extraordinária, ou seja, as sementes lançadas no final da década de 1960 pela AIC deram resultado para todos os estúdios.

E os dubladores? O ano de 1977 foi marcado pela grande greve da categoria de ambas as cidades. Até hoje, muitos direitos sequer  são mencionados, mas o pagamento da dublagem passou a ser feito por hora e não mais por “anel” dublado ou “loop” (pequenas cenas cortadas para a dublagem).

4ª Fase (1977 – 2000): O Segundo Apogeu da Dublagem

Mesmo não tendo obtido tudo a que teriam direito e com algumas perseguições a alguns dubladores após a greve, cada vez mais a dublagem brasileira ganhou espaço na televisão. Os estúdios BKS e Álamo iniciaram realizações primorosas em filmes e animes durante toda a década de 1980, atraindo para São Paulo novos profissionais e muitos que haviam iniciado na AIC, agora já como grandes diretores de dublagem. Nessa mesma década, surgiram outros estúdios como, por exemplo, Maga, S&C Produções Artísticas e Megasom.

cine-castro-logoNo Rio de Janeiro, a Herbert Richers continuou com pleno domínio e um excelente elenco de vozes, muitas ainda da década de 1960 e algumas da antiga AIC. Essa fase é marcada por uma diversidade de dubladores com grande qualidade artística. Ainda havia os talentos dos mais experientes e novas descobertas na dublagem.

Aqui, ressaltamos que tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, ainda persistia a qualidade na dublagem e com profissionais excelentes. Assim, houve na década de 1980 um volume estrondoso de dublagens para filmes, séries de tevê, animes e desenhos que deixaram saudades para muitos, assim como as dublagens da AIC deixaram.

Por incrível que pareça, mesmo com pouco tempo, já houve perda dos originais de algumas dublagens, seja de forma parcial ou total, além do fato de terem desaparecido das versões para DVDs, principalmente filmes.

5ª Fase (2000 em diante): Caminhos Incertos da Dublagem

A partir da década de 1990, a tecnologia avançou rapidamente e a dublagem passou a ser mais rápida, com apenas um dublador e diretor no estúdio para a gravação. Mas, com isso, se perdeu totalmente o feedback dos companheiros de bancada. Além disso, o poder econômico das distribuidoras se sobrepôs e dominou completamente os estúdios, ditando quais dubladores desejam e quais não admitem.

alamo-logoHouve, também, o falecimento de diversos profissionais, que deixaram um enorme legado, tanto de São Paulo como no Rio de Janeiro e surgiram diversos estúdios de dublagem em ambas cidades, aumentando a concorrência onde hipoteticamente o dublador teria mais campo de trabalho. Mas, eles passam a ficar “aprisionados” ao poder econômico das distribuidoras e de proprietários de estúdios de dublagem.

Nesses 20 anos, desapareceram estúdios como VTI e as tradicionais Herbert Richers e Álamo. Surgiram novas casas, algumas trazendo embutido cursos para novos dubladores, a fim de uma revitalização de vozes e descoberta de talentos.

Entretanto, atualmente, vemos cada vez mais uma dublagem inexpressiva, seca, sem interpretação, prevalecendo a sincronia labial, como se alguns profissionais apenas estivessem lendo a sua fala.

Evidentemente que há exceções de jovens dubladores com excelente qualidade, mas a palavra já diz tudo: “exceções”. Algo que no passado era “regra geral”.

A dublagem brasileira é considerada a melhor do mundo, mas praticamente só concorremos com a dublagem em espanhol, realizada no México para todos os países da mesma língua na América Latina, pois na Europa poucos países utilizam a dublagem da mesma forma que nós.

Assim, resta uma grande inquietação e uma pergunta: qual será o futuro da dublagem no Brasil??

Estúdios de Dublagem em São Paulo

  • Gravasom – Primeiro estúdio de dublagem em São Paulo, inaugurado em 1958. Se transformou em AIC em 1962.
  • Ibrasom – Estúdio de propriedade de americanos, inaugurado em 1959. Concorria diretamente com a AIC, a qual o adquiriu em 1966.
  • AIC (Arte Industrial Cinematográfica) – Oriunda do estúdio Gravasom, foi fundada em 1962, tendo cerca de 80% do mercado da dublagem na década de 1960, devido aos excelentes trabalhos que realizou. A partir de 1971, entrou numa grave crise econômica, falindo em 1976. Foi adquirida pelos proprietários do estúdio BKS.
  • Cine Castro – Sede São Paulo, com atividades entre 1971 a 1973.
  • Gota Mágica – Iniciou  na década de 1990 e trabalhou até setembro de 1999.
  • Marshmellow – Fundada em 1990 e funciona até hoje.
  • Mastersound – Desde 1990, trabalhou em parceria com os estúdios Telecine do Rio de Janeiro, que não utilizava mais seu nome e, sim, creditava o nome da Mastersound de São Paulo.
  • Sigma – Desde 1989, dublava para a TV Cultura. Era a principal a dublar para a Disney na época de sua fundação.
  • Clone – Fundada em 1996, em especial dubla para os canais Discovery Channel, Animal Planet e outros, alem de filmes e séries.
  • Centauro – Empresa colombiana que começou em Bogotá, em 1985. Abriu uma sede em São Paulo em 1995.
  • Parisi Vídeo – Criada no início dos anos 2000, foi fundada por José Parisi Jr. Encerrou as atividades em 2004.
  • Dublavídeo – Fundada no início da década de 1990, a empresa era do dublador e diretor João Francisco.
  • Com-Arte – Empresa que foi fundada no final da década de 1970, dentro dos estúdios Silvio Santos. Durou pouco tempo.
  • Elenco – Empresa criada depois da Com-Arte, também nos estúdios Silvio Santos. Durou pouco tempo também.
  • Maga – Iniciada por volta de 1983/84 nos estúdios do SBT. Em 1988, se transferiu para a Marshmellow e usava a narração da empresa. Durou até 1995, com a morte de seu fundador, o dublador Marcelo Gastaldi.
  • Vox Mundi – Fundada em 2000, dubla principalmente séries para canais como Discovery, NatGeo etc.
  • S&C (S&C Produções Artísticas) – Estúdio da década de 1980 que faliu por volta de 1989. Dublou muitos filmes e outros gêneros para os estúdios Disney. Desde 1989, o prédio da empresa é ocupado pela Sigma.
  • Megassom – Estúdio que iniciou em meados da década dede 1980, faliu por volta de 1993.
  • DPN – Iniciou em Santos/SP no final da década de 1990.Transferiu-se pra São Paulo em meados de 2000.Narra e dubla principalmente para os canais Discovery Channel, National Geographic, Discovery Kids, Animal Planet, Discovery Home & Health e outros.
  • Álamo – A maior empresa de dublagem de São Paulo e uma das maiores do país. Fundada em outubro de 1972 pelo técnico de som inglês, Michael Stoll. Dublou muitos filmes, séries de TV, desenhos, animes e séries japonesas, principalmente na década de 1980. Encerrou as suas atividades em maio de 2011.
  • BKS – Um dos estúdios com maior investimento em tecnologia, adquiriu a antiga AIC. Sua sede continua sendo no mesmo local, desde 1976.
  • CBS – Estúdio que tendo grande notabilidade atualmente. Foi fundado no início dos anos 2000, com o nome de Dublart. Em 2008, um sócio saiu da empresa e o nome foi mudado para CBS.
  • Estúdios Gábia (Fundado em meados dos anos 2000 por Marcos Gábia.
  • Windstar – Empresa do dublador Emerson Camargo, fundada em 1983. Dublou alguns programas de TV, mas logo depois dedicou-se apenas a ideia original: narração de filmes, vídeos didáticos e vídeos empresariais de treinamento. A empresa existe até hoje.
  • DuBrasil – Fundada em fevereiro de 2000 pelo dublador Hermes Baroli e sua mãe Zodja Pereira.

Estúdios de Dublagem no Rio de Janeiro

  • Herbert Richers – Inaugurada em 1950, produzindo filmes. Em 1960, começou a realizar dublagens. Foi a maior empresa do país, tendo sido a principal nas décadas de 1970 e 1980, dublando filmes, séries e desenhos que marcaram a história da TV brasileira. Fechou em 2010.
  • Cine Castro – Iniciou em 1960, por Aloísio Leite Garcia. Em 1973, foi vendida para Paulo Amaral e, em 1974, mudou o nome para Televox. Fechou em 1975.
  • Telecine – Fundada em 1976 por Spyros Saliveros e Alberto Elias, mixador e técnico de som da antiga Cine Castro / Televox. Foi quase uma continuação da Cine Castro, visto que muitos profissionais da empresa foram contratados pela Telecine.Também trabalhou para o Cinema Nacional e para documentários para TV. No início de 1990, trabalhou em parceria com a Mastersound de São Paulo, dublando na empresa e creditado como Mastersound. Foi a pioneira em fazer dublagens mistas Rio / São Paulo. Encerrou as suas atividades em 2006.
  • Audio News – Empresa fundada no início da década de 1990 por Ricardo Ribeiro e seu sobrinho Marco Ribeiro.Ficou muito conhecida por ter dublado o anime Yu Yu Hakusho e, a partir disso, teve notabilidade no meio.
  • VTI – Fundada em 1950 por Victor Berbara, trabalhando no ambiente publicitário. A partir de 1960, Victor fundou a Network, que foi a distribuidora da ABC Films no Brasil, distribuindo várias séries de sucesso para serem dubladas no Rio. No final da década de 1980, Victor fundou a VTI Rio, só para dublagem. Encerrou as suas atividades em 2008.
  • Delart – Fundada pelo técnico de som de cinema e dublagem Carlos De La Riva, na década de 1980. Hoje é uma das maiores empresas do Brasil e a principal em dublagens de filmes para a TV e cinema.
  • Wan Macher – Iniciou no final da década de 1990. Hoje é a principal empresa de dublagem do país, sendo a primeira em dublagem de séries. Dubla para a Fox, TNT, Cartoon Network, Boomerang, Nickelodeon, Warner e outros canais. O diretor principal da empresa é Luis Manuel.
  • Som de Vera Cruz – Começou no início dos anos 2000. Empresa do narrador e dublador Jorgeh Ramos, é responsável por muitos desenhos para o Cartoon Network.
  • Sérgio Moreno Filmes – Estúdio fundado pelo dublador Sérgio Moreno, com sede no Rio e filial em São Paulo.
  • Double Sound – Começou em 1996, dublando para os estúdios Disney. Hoje dubla também para a Dreamworks, Paramount, Warner, Fox, Universal, MGM, sendo especializada principalmente em dublar animações.
  • Audio Corp – Fundada por Gil Monteaux, que integrou a área administrativa da Herbert Richers, em 2002.
  • Cine Vídeo – No início da década de 1990, Alberto Elias fundou a empresa, que hoje é gerenciada pelos seus filhos. Fez muitos trabalhos, principalmente desenhos, a partir de 1996, para o Cartoon Network. Dublou 80% do que foi para o canal e se especializou nisso.
  • Peri Filmes – Criada na década de 1970, foi uma notável empresa que fechou as portas em meados da década de 1980. Possuía uma sonoplastia incrível para a época.
  • Dublasom (Guanabara) – Empresa criada no início da década de 1960 por Ribeiro Santos e um amigo. Fechou as portas por volta de 1970.
  • Riosom – Empresa que iniciou por volta de 1960 e durou poucos anos. Dublou a série dos Heróis Marvel
  • TV Cinesom – Funcionou entre 1963 e 1971. Dublou diversas séries e desenhos hoje considerados clássicos. Tinha como característica realizar trabalhos com pequeno eco nas vozes.
  • Lypsync – Criada em 2010 pelo ex-coordenador nacional de jornalismo do SBT, Marcio Moron, o narrador Nano Filho e o dublador paulista Eduardo Camarão.

Marco Antônio dos Santos é autor deste artigo e editor do Blog Universo AIC.